O TEMPO VOA, ESCORRE PELAS MÃOS ...

O TEMPO VOA, ESCORRE PELAS MÃOS ...
A LÍNGUA É MINHA MÁTRIA, É MINHA PÁTRIA ... (Caetano Veloso)

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

VERBOS NOVOS E HORRÍVEIS

Não, por favor, nem tente me disponibilizar alguma coisa, que eu não quero. Não aceito nada que pessoas, empresas ou organizações me disponibilizem. É uma questão de princípios. Se você me oferecer, me der, me vender, me emprestar, talvez eu venha a topar. Até mesmo se você tornar disponível, quem sabe, eu aceite. Mas, se você insistir em disponibilizar, nada feito.
Caso você esteja contando comigo para operacionalizar algo, vou dizendo desde já: pode ir tirando seu cavalinho da chuva. Eu não operacionalizo nada para ninguém e nem compactuo com quem operacionalize. Se você quiser, eu monto, eu realizo, eu aplico, eu ponho em operação. Se você pedir com jeitinho, eu até implemento, mas operacionalizar, jamais.
O quê? Você quer que eu agilize isso para você? Lamento, mas eu não sei agilizar nada. Nunca agilizei. Está lá no meu currículo: faço tudo, menos agilizar. Precisando, eu apresso, eu priorizo, eu ponho na frente, eu “dou um gás”. Mas agilizar, desculpe, não posso, acho que matei essa aula.
Outro dia mesmo queriam reinicializar meu computador. Só por cima do meu cadáver virtual. Prefiro comprar um computador novo a reinicializar o antigo. Até porque eu desconfio que o problema não seja assim tão grave. Em vez de reinicializar, talvez seja o caso de simplesmente reiniciar, e pronto.
Por falar nisso, é bom que você saiba que eu parei de utilizar. Assim, sem mais nem menos. Eu sei, é uma atitude um tanto radical da minha parte, mas eu não utilizo mais nada. Tenho consciência de que a cada dia que passa mais e mais pessoas estão utilizando, mas eu parei. Não utilizo mais Agora só uso. E recomendo. Se você soubesse como é mais elegante, também deixaria de utilizar e passaria a usar.
Sim, estou me associando à campanha nacional contra os verbos que acabam em "ilizar". Se nada for feito, daqui a pouco eles serão mais numerosos do que os terminados simplesmente em "ar".
Todos os dias, os maus tradutores de livros de marketing e administração disponibilizam mais e mais termos infelizes, que imediatamente são operacionalizados pela mídia, reinicializando palavras que já existiam e eram perfeitamente claras e eufônicas.
A doença está tão disseminada que muitos verbos honestos, com currículo de ótimos serviços prestados, estão a ponto de cair em desgraça entre pessoas de ouvidos sensíveis. Depois que você fica alérgico a disponibilizar, como vai admitir, digamos, "viabilizar"? É triste demorar tanto tempo para a gente se dar conta de que "desincompatibilizar" sempre foi um palavrão.
Precisamos reparabilizar nessas palavras que o pessoal inventabiliza só para complicabilizar. Caso contrário, daqui a pouco nossos filhos vão pensabilizar que o certo é ficar se expressabilizando dessa maneira. Já posso até ouvir as reclamações: "Você não vai me impedibilizar de falabilizar do jeito que eu bem quilibiliser". Problema seu.


Me inclua fora dessa.
(Ricardo Freire)
Quanto vale a sua palavra?

(1) Depois de alguns meses viajando pelo mundo, cheguei a uma conclusão: nossa palavra (e quando digo ‘nossa’ incluo a grande maioria dos brasileiros) está valendo menos do que a palavra dos cambojanos, tailandeses, vietnamitas e indonésios.
(2) Hoje, temos o péssimo hábito de prometer só da boca pra fora uma lista infindável de pequenas coisas: “Te ligo mais tarde hoje!”, “Amanhã volto pra comprar!”, “Passo na sua casa às 8 em ponto!”, “Segura essa oferta que o carro é meu!!”. E não ligamos mais tarde, não voltamos para comprar, chegamos com 40 minutos de atraso e não voltamos para comprar o carro que ficou reservado. E, pra piorar a situação, também não ligamos para justificar, avisar, cancelar ou explicar.
(3) É triste ter que admitir que muitos de nós, e eu me incluo nisso, falamos por falar! Parece que esse comportamento é mais fácil do que assumir o desinteresse, as meias vontades e até um atraso real.
(4) No mundo corporativo não é diferente. Quantas vezes escutamos: “Em 5 minutos te entrego esse relatório”, e o relatório só vem no dia seguinte; “Preciso desses números pra ontem!”, e o prazo é para a próxima semana; “Amanhã quero todos aqui mais cedo para uma reunião importante”, e quem marcou se atrasa. Assim, tanto no universo “pessoal” como no corporativo a coisa está na mesma, o ciclo do “da boca pra fora” já está virando um hábito, e aqueles que são firmes em suas palavras estão ficando literalmente ilhados num mundo de falsas expectativas ou ilusões.
(5) Foi no Camboja que minha ficha caiu, e a lição foi dada por uma mocinha muito simples vendedora de roupas típicas numa barraca de rua. Gostei de uma peça, mas fiquei na dúvida se devia ou não comprá-la. Olhei, revirei a peça e a devolvi para mocinha, dizendo da boca pra fora: “amanhã passo aqui de novo e levo”. Ela me olhou de modo triste e retrucou: “ontem uma moça como você disse a mesma coisa e reservei o dia todo a peça pra ela, mas até agora ela não veio; acho que não vai cumprir sua palavra. Eu sei que você vai acabar fazendo o mesmo.” Ela disse isso sem querer ofender, falou o que seu coração sentia. Como cambojana, ela vem de um povo que dá valor a tudo aquilo que se diz, como em geral fazem povos de muitos países asiáticos que conheci durante a viagem.
(6) Saí de lá pensando no número de vezes que, para evitar dizer um ‘não’ ou me livrar mais rápido de uma situação, falei o que deu na cabeça, sem realmente perceber que aquilo que dizia não tinha valor.
(7) Depois de vivenciar outras situações entre povos que mantêm aquilo que dizem e só proferem algo quando têm a certeza de que podem cumprir, cheguei à conclusão de que o mundo dos que têm palavra é mais motivador, mais simples, mais fácil e mais gostoso de se viver, pois basta acreditar naquilo que se escuta e falar aquilo em que se acredita, nada mais… E você, qual é o valor da sua palavra?


01. De modo global, no Texto 1, a autora apresenta:
A) uma dúvida.              D) uma solução.
B) uma constatação.    E) um equívoco.
C) um temor.

02. O Texto 1 reforça a imagem do brasileiro como um povo que:
A) costuma esconder a verdade.
B) não acredita facilmente em ninguém.
C) não tem habilidade para fazer negócios.
D) tem o hábito de chegar atrasado.
E) normalmente, não cumpre o que fala.

03. Segundo as informações do Texto 1, no universo corporativo, as pessoas:
A) tendem a cumprir as promessas feitas, porque o que está em jogo é o seu emprego.
B) demonstram maior preocupação com a palavra que empenham umas às outras.
C) são ainda mais infiéis a sua palavra, devido à forte competitividade desse universo.
D) costumam reproduzir o comportamento que têm no mundo pessoal, quanto ao que falam.
E) a fidelidade à palavra empenhada é condição para a manutenção do emprego.

04. “Foi no Camboja que minha ficha caiu.” (5º parágrafo).
Com essa afirmação, o leitor deve entender que, no Camboja, a autora:
A) conscientizou-se do seu comportamento.
B) passou a discordar da atitude de todos.
C) adotou o comportamento dos cambojanos.
D) ouviu várias críticas à atitude dos brasileiros.
E) percebeu que sempre cumpria o que falava.

05. “Parece que esse comportamento é mais fácil do que assumir o desinteresse, as meias vontades e até um atraso real.” (3º parágrafo). Com esse trecho, a autora:
A) demonstra certeza do que diz.
B) compara informações opostas.
C) apresenta uma hipótese.
D) revela convicção do que afirma.
E) introduz a consequência de um fato.

06. Analisando a organização do Texto 1, podemos perceber que ele apresenta as seguintes características:
1) uma voz narrativa que fala em primeira pessoa.
2) a opção por uma linguagem técnica e formal.
3) presença de trechos entre aspas, em discurso direto.
4) uma estrutura sintática difícil, rebuscada e erudita.

Estão corretas:
A) 1, 2, 3 e 4.              D) 1, 2 e 4, apenas.
B) 2, 3 e 4, apenas.     E) 1 e 3, apenas.
C) 1 e 4, apenas.

07. “falei o que deu na cabeça, sem realmente perceber que aquilo que dizia não tinha valor.” (6º parágrafo)
Para manter o sentido desse trecho, o termo destacado pode ser substituído por:
A) de fato        D) contudo
B) ademais      E) somente
C) por isso

08. Considerando as diferentes classes das palavras, analise os enunciados a seguir.
1) “Depois de alguns meses viajando pelo mundo, cheguei a uma conclusão”.
2) “É triste ter que admitir que muitos de nós falamos por falar!”
3) “e a lição foi dada por uma mocinha muito simples vendedora de roupas típicas numa barraca de rua.”
4) “Como cambojana, ela vem de um povo que dá valor a tudo aquilo que se diz”.
Os segmentos sublinhados têm valor de adjetivo nos enunciados:
A) 1 e 2, apenas.         D) 1, 2 e 3, apenas.
B) 3 e 4, apenas.         E) 1, 2, 3 e 4.
C) 2, 3 e 4, apenas.

Depois de alguns meses viajando pelo mundo, cheguei a uma conclusão: nossa palavra (e quando digo ‘nossa’ incluo a grande maioria dos brasileiros) está valendo menos do que a palavra dos cambojanos, tailandeses, vietnamitas e indonésios.
09. Sobre a pontuação do trecho acima, assinale a alternativa correta.
A) Os dois pontos foram utilizados com a função de introduzir uma citação literal.
B) Os parênteses cumprem a função de distinguir duas vozes narrativas, no texto.
C) A primeira vírgula (após a palavra “mundo”) sinaliza uma pausa longa, equivalente a um ponto.
D) O ponto final, após o termo “indonésios”, equivale a reticências, já que a ideia não é concluída.

E) As vírgulas após a palavra “cambojanos” têm a função de separar os itens de uma sequência. 

1 B – 2 E – 3 D – 4. A – 5  C – 6 E – 7 A – 8 B – 9 E) 
RELAÇÃO ...

Uma das curiosidades que aprendi sobre o vinho: 
O VINHO aguça nossos 05 sentidos. A cor vermelha aguça a visão (adoro os vinhos tintos), o buque aguça o olfato, por isso devemos sempre sentir seu odor antes de beber, o gosto ... indiscutível. Ao segurarmos as taças...aguçamos o tato...faltava a audição, por isso brindamos. TIN TIN.